ENVELHECIMENTO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS | DESAFIOS DA COP 30
Nós, pessoas idosas, cidadãos, pesquisadores, profissionais da saúde, representantes de movimentos sociais e lideranças comunitárias das cinco macrorregiões geográficas brasileiras, unimos nossas vozes para reafirmar a urgência de integrar o envelhecimento populacional como eixo estratégico nas políticas climáticas globais.
O mundo enfrenta duas megatendências simultâneas e interdependentes: a aceleração da crise climática e o crescimento expressivo da população idosa. Até 2050, uma em cada seis pessoas terá 60 anos ou mais, população esta, que sofrerá os efeitos do clima em diversos aspectos.
Ignorar essa realidade é negligenciar a vulnerabilidade das pessoas idosas e os impactos das mudanças climáticas na perpetuação das desigualdades e inequidades sociais, econômicas e de saúde.
Reconhecer o envelhecimento populacional como parte central da agenda climática é essencial para promover justiça intergeracional, fortalecer a resiliência das comunidades e garantir que ninguém seja deixado para trás.
DESAFIOS INADIÁVEIS
- As pessoas idosas configuram um grupo de alta vulnerabilidade diante dos desastres climáticos.
- Estão mais expostas a ondas de calor, enchentes, poluição do ar e novas doenças.
- Vivem com doenças crônicas e limitações funcionais.
- Enfrentam barreiras de mobilidade, isolamento social e desigualdades socioeconômicas.
- Os eventos recentes como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 e ondas de calor fatais na Europa são alertas claros de que os sistemas de saúde e a infraestrutura urbana ainda não respondem a essas necessidades.
CAMINHOS DE AÇÃO
Defendemos a inclusão do envelhecimento como um dos pilares essenciais da COP 30, articulando propostas que abranjam:
- Cidades resilientes e inclusivas, com transporte acessível, habitação adaptada, energia limpa e sistemas de alerta precoce eficazes.
- Sistemas de saúde preparados, com profissionais capacitados para emergências climáticas, atenção primária preventiva e protocolos específicos para pessoas idosas e pessoas com demência.
- Proteção social fortalecida, evitando abandono, insegurança alimentar e solidão.
- Justiça climática e equidade geracional, reconhecendo as pessoas idosas como sujeitos de direito, detentores de saberes e experiências fundamentais.
- Ancestralidade e saberes tradicionais, valorizando povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas como guardiões do clima e promotores de relações intergeracionais.
UM BRASIL DIVERSO, UMA AGENDA INTEGRADA
O Brasil reúne diversas manifestações climáticas que podem variar em intensidade e impactos a depender da região geográfica e bioma. Sendo assim, cada região exige uma atenção específica para suas vulnerabilidades.
REGIÃO NORTE
- Proteção da Amazônia.
- Abrigos climáticos e valorização dos saberes tradicionais.
REGIÃO CENTRO-OESTE
- Defesa do Cerrado (“berço das águas”).
- Inclusão de comunidades indígenas e quilombolas.
- Enfrentamento das doenças crônicas.
REGIÃO NORDESTE
- Combate às desigualdades estruturais.
- Adaptação às secas severas.
REGIÃO SUDESTE
- Enfrentamento do calor extremo, poluição e urbanização acelerada, com foco nas pessoas idosas.
REGIÃO SUL
- Preparação para enchentes e frio intenso.
- Expansão de cuidados para quadros demenciais crescentes.
COMPROMISSOS PARA A COP30
Requeremos que a COP30 estabeleça:
- Financiamento robusto para pesquisas sobre envelhecimento, clima e saúde.
- Políticas integradas entre meio ambiente, saúde, urbanismo e assistência social.
- Participação ativa das pessoas idosas e suas organizações nos processos decisórios.
- Educação e tecnologias inclusivas para prevenir, monitorar e responder a emergências climáticas.
CHAMADO À AÇÃO
Este manifesto é um chamado à comunidade internacional, aos governos, às organizações civis e a toda sociedade, sobre a urgência da inclusão do envelhecimento na agenda global.
A crise climática é também uma crise de justiça geracional. Proteger e valorizar as pessoas idosas não é apenas um dever ético, é uma estratégia de futuro sustentável.
A COP30 é a oportunidade histórica de unir justiça climática e justiça geracional, pois o tema tem sido negligenciado e invisibilizado em documentos oficiais internacionais, como os “Objetivos do Milênio” e os “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS)” da ONU, e nacionais, como o Guia de Bolso do Ministério da Saúde sobre Mudanças Climáticas para profissionais da Saúde.
É hora de transformar vulnerabilidade em protagonismo e construir, juntos, um mundo mais resiliente, solidário, justo e inclusivo para todas as idades.
Se você, concorda com este manifesto e deseja participar da ação, clique aqui para assinar o manifesto.