Envelhecimento Ativo e Prevenção do Alzheimer: o poder dos 14 Fatores de Risco

Chegamos à quarta e última parte da nossa série de artigos baseada no 5º episódio do ABRAz Talks. Após explorar o voluntariado e o papel da ABRAz no acolhimento e suporte, e mergulhar na complexa jornada do cuidador familiar, dedicaremos este artigo a um tema de crescente urgência e esperança: a prevenção do Alzheimer e a importância do envelhecimento ativo, com foco nos 14 fatores de risco discutidos na live.

Por muito tempo, o diagnóstico de Alzheimer carregava o peso de uma sentença sem apelo, um drama sem saída, envolto em mistério e fatalismo. Como um dos participantes observou, “Quando se falava em Alzheimer a gente era um drama muito grande que não tinha saída, sabe? Parecia que você estava sendo realmente destinada alguma coisa muito ruim.” Essa visão era amplificada pela falta de conhecimento e pela escassez de recursos de apoio. No entanto, os avanços da ciência e a compreensão da doença vêm transformando essa perspectiva. Assim como a abordagem sobre o diabetes mudou de uma condição intransponível para algo gerenciável (“hoje a gente sabe que existe forma de conviver com a diabetes”), os estudos mais recentes sobre o Alzheimer apontam para a possibilidade de intervir e, em muitos casos, “adiar” ou “retardar” seu aparecimento. O conhecimento é, portanto, a chave para essa nova abordagem, permitindo que cada indivíduo “saiba o que fazer para prevenir” e assuma um papel ativo em sua saúde cerebral.

A live destacou de forma crucial os 14 fatores de risco que, quando tratados e gerenciados, podem contribuir significativamente para adiar o surgimento da demência, reforçando a importância da prevenção. Entre esses fatores, foram mencionados: hipertensão, diabetes, histórico de traumatismo craniano, quadros depressivos, baixa vida social, tabagismo, alcoolismo, alterações no HDL (colesterol bom), sedentarismo e baixa escolaridade. A gestão de cada um desses pontos não é apenas uma questão de saúde geral, mas um investimento direto na saúde cognitiva. Por exemplo, a fala enfatizou que, embora haja uma tendência de que o diabetes possa desencadear um quadro de demência, “Quando por trás daquilo que está e quando há uma grande tendência que você vai desencadear. Então, assim, é muito importante tratar.” Isso demonstra que a ação preventiva e o tratamento de doenças crônicas são essenciais.

Um fator muitas vezes negligenciado, mas de extrema importância, é a qualidade do sono. A live ressaltou que é durante o sono que ocorre “a retenção da memória para o armazenamento do que você fez e também e toda limpeza do teu organismo pra fazer esse novo… backup do dia para você começar o dia renovado”. A falta de um sono reparador, mesmo que a pessoa acredite ter dormido bem, pode gerar uma “quebra do teu sono”, levando a uma “desregulação desse organismo”, afetando a memória e, por vezes, gerando uma preocupação infundada de estar desenvolvendo Alzheimer. “Se você não tem o sono bem, você não vai conseguir reter boas qualidades.” A orientação é clara: “Vai procurar o médico, gente. O médico é a pessoa que pode ajudar a gente em todas essas questões e todas essas dúvidas,” em vez de buscar “remédio caseiro” ou conselhos informais.

Esses 14 fatores de risco, na verdade, configuram a “receita para o envelhecimento saudável” e para uma vida com mais qualidade e autonomia. A primeira e inegociável ação é a atividade física. “Não pode envelhecer bem sem atividade física. Gostando ou não gostando, é melhor aceitar que dói menos o corpo. Ele foi feito para se movimentar.” A ênfase é na importância de qualquer movimento, não apenas na academia: “Se você não pode fazer 01h00, faça dez minutos, faça 15. É melhor do que não fazer nada.” O exercício promove a oxigenação cerebral, relaxamento e a liberação de substâncias químicas benéficas, essenciais para a saúde do cérebro e do corpo.

Além da atividade física, uma alimentação adequada é essencial. “Há anos a gente fala isso,” e a moderação é a chave, “você pode comer de tudo, de tudo um pouco.” A saúde mental é outro pilar fundamental: é preciso “cuidar da mente” e “mantê-la ativa,” buscando aprender, estudar e desafiar o cérebro constantemente. A socialização complementa esses pilares, pois o engajamento social é vital para a saúde cognitiva e emocional, evitando o isolamento, um dos fatores de risco. Por fim, o sono de qualidade é indispensável para a memória e o bem-estar geral, impactando diretamente a capacidade do cérebro de funcionar de forma eficiente.

O alerta final da live é um convite à ação e à prevenção ativa: “fazer a lição de casa de consultar um profissional da área da saúde para fazer essa manutenção é fundamental.” A autoconfiança em tratar condições sérias com “remédio caseiro” ou conselhos de leigos é perigosa, pois “o que funciona com um pode não funcionar com o outro. A verdade é que a população mundial está envelhecendo, a população está vivendo mais, o que aumenta a probabilidade de doenças crônicas e degenerativas como o Alzheimer. No entanto, o conhecimento e as atitudes preventivas podem “ganhar” décadas de autonomia e independência. Uma demência que talvez surgisse aos 65 anos, com a devida “reserva física, mental e emocional” construída através do cuidado com esses fatores, pode ser adiada para os 70, 80 anos, ou mais, proporcionando “qualidade de vida e saúde mental também é de autonomia”. Independência que você proporcionou para você e as pessoas em volta.” Esse é o legado que se busca deixar.

Em conclusão, a série ABRAz Talks, através de seus profundos debates, reitera a mensagem de que o futuro da saúde cerebral e do envelhecimento digno reside na prevenção e no compromisso individual e coletivo. É um convite para que cada um, munido de conhecimento e atitude, priorize seu bem-estar e se engaje em práticas que promovam uma vida plena e ativa. A ABRAz, por sua vez, continua sua missão incansável de levar informação de qualidade e acolhimento, servindo como um farol de esperança e um catalisador de mudanças para todos que enfrentam os desafios do Alzheimer, enfatizando que “todo mundo não quer depender de ninguém no processo do envelhecimento” e que a autonomia é o objetivo final.

Todas as citações foram retiradas do 5º episódio do ABRAz Talks, realizado no dia 27 de agosto no perfil do Instagram da ABRAz (@abrazalzheimer).

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