Este é o primeiro de uma série de quatro artigos que exploram os ricos diálogos do 5º episódio do ABRAz Talks. Neste texto, vamos mergulhar no universo do voluntariado, desvendando sua essência, seus desafios e, principalmente, o profundo impacto que ele gera tanto na vida de quem ajuda quanto na de quem é ajudado.
O voluntariado, em sua definição mais pura, é um conjunto de ações movidas por um propósito claro e desinteressado. Conforme explicitado na live, é “um conjunto de ações para algo ou para alguém e detalhe, sem fins lucrativos.” Essa ausência de fins lucrativos é o que distingue o voluntariado de outras formas de trabalho, elevando-o a uma prática de doação e serviço à comunidade. É uma escolha consciente de dedicar tempo, esforço e conhecimento em prol de uma causa, como a luta contra o Alzheimer, que mobiliza os participantes da ABRAz.
Embora muitas vezes romantizado, o trabalho voluntário está longe de ser uma tarefa trivial. Ele “não é simples, ele é cansativo, ele envolve muita responsabilidade, ele envolve conhecimento.” A seriedade da prática reside no fato de que “Ele vai envolver compromisso, ele vai envolver horários, ele vai envolver responsabilidade.” Não basta ter a intenção; é preciso disciplina e dedicação para manter a qualidade e a constância da atuação. O verdadeiro desafio, como apontado, não é dar o primeiro passo, mas sim “manter e manter a qualidade” da ajuda oferecida, o que exige motivação e um genuíno interesse em contribuir.
No entanto, as recompensas do voluntariado transcendem em muito o esforço e os desafios. Essa prática tem o poder de aprimorar o indivíduo como pessoa, tocando inclusive sua dimensão espiritual. É uma forma poderosa de contribuir para um mundo melhor, não apenas auxiliando entidades e indivíduos, mas também alimentando um desejo intrínseco de transformação. Como compartilhou um dos participantes, dedicar tempo à causa “era uma forma também de amenizar minhas dores. No momento que eu ajudo o outro, eu também estou me ajudando.” Essa reciprocidade no benefício é um dos maiores legados do voluntariado: ao se doar, o voluntário encontra um caminho para seu próprio crescimento e bem-estar.
Além disso, o voluntariado é um diferencial significativo no cenário atual. Ele é “muito valorizado,” inclusive como “um ponto muito positivo no currículo.” A experiência voluntária revela qualidades essenciais para qualquer esfera da vida, pois “o sujeito que fez um trabalho voluntário… é um sujeito sensível e aberto às questões sociais. Ele tem sim. Lá ele tem sensibilidade, ele tem humanidade.” Essa dimensão humana e a capacidade de engajamento em causas sociais são cada vez mais reconhecidas e valorizadas.
E o tempo não é desculpa! O voluntariado não exige dedicação integral. A live enfatizou que “01h00 por semana faz uma ação,” e “às vezes uma pequena ação nossa como voluntário já é algo que gera uma grande mudança.” Essa flexibilidade permite que pessoas com diversas rotinas possam se engajar. O impacto não se restringe a profissionais de saúde; qualquer pessoa pode ser um voluntário valioso, seja um advogado oferecendo orientação legal, um teólogo prestando apoio espiritual, ou alguém simplesmente estendendo “aquela mão no ombro” ou “aquele abraço” de conforto. O essencial é “proporcionar ao outro um pouco do teu amor, um pouco do teu conhecimento.”
O voluntariado também é um catalisador de transformações profundas na vida daqueles que são impactados. Casos de pessoas que chegaram aos grupos de apoio “muito sem esperança, muitos sem conforto nenhum e daqui a pouco ficam. Vão se organizando mentalmente, financeiramente e espiritualmente” ilustram o poder da rede de ajuda mútua. A gratidão sentida por quem foi acolhido muitas vezes os motiva a permanecer ativos na causa, mesmo após o término de um ciclo pessoal, como a partida de um familiar. Eles continuam porque “se sentem gratos, [lembram] de como [chegaram], qual foi a transformação que [tiveram] naquele grupo de voluntários.”
Em suma, o voluntariado, especialmente em organizações como a ABRAz, transcende a mera prestação de serviços. Ele “torna a gente ser seres humanos mais humanos ainda, pessoas mais sensíveis, mais humanas e fazer uma escuta ativa mesmo da dor do outro de uma forma humanizada.” É um convite para vir “de coração aberto,” pois a experiência oferece aprendizado contínuo e evolução “como pessoa e como profissional em várias essências.” É a certeza de que “a gente evolui a nossa alma,” e que, nessa jornada de acolhimento e ajuda mútua, ninguém está sozinho. Os ganhos são “pessoais, de riquezas que nunca você vai conseguir, comparando nem com dinheiro nenhum, nem com cartão de crédito,” demonstrando que o maior tesouro do voluntariado é a transformação intangível que ele opera.
No próximo artigo, abordaremos como a ABRAz, por meio de seus grupos de apoio e da disseminação de conhecimento, acolhe e informa familiares e cuidadores, sendo um pilar fundamental nessa jornada.