Alzheimer no Brasil: um estudo abrangente e a força da colaboração nacional

O Alzheimer representa um dos maiores desafios de saúde pública do século XXI, impactando milhões de pessoas e suas famílias em todo o mundo. No Brasil, a realidade não é diferente, com uma crescente população idosa e a necessidade urgente de estratégias eficazes para lidar com a doença. É nesse contexto que um novo e fundamental documento surge, oferecendo uma análise aprofundada da situação atual do Alzheimer em nosso país e propondo caminhos concretos para o futuro. Este estudo, fruto de uma colaboração multidisciplinar de renomados especialistas brasileiros, é um marco importante na busca por melhores diagnósticos, tratamentos e suporte para pacientes e cuidadores.

Este artigo visa apresentar uma visão geral desse documento crucial, destacando seus principais achados e, sobretudo, reconhecendo a valiosa contribuição dos profissionais brasileiros que dedicaram seu conhecimento e experiência para a sua elaboração. A ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) tem orgulho de disponibilizar este material, que reflete o compromisso de sua comunidade científica e assistencial em transformar a realidade do Alzheimer no Brasil.

O cenário do Alzheimer no Brasil: desafios urgentes
O documento aborda de forma contundente três grandes desafios que caracterizam o panorama do Alzheimer no Brasil, servindo como pilares para as recomendações propostas:

1. Subdiagnóstico e diagnóstico tardio: Uma parcela significativa dos casos de Alzheimer no Brasil permanece sem diagnóstico ou é diagnosticada em estágios avançados da doença. Isso se deve a diversos fatores, incluindo a falta de informação da população sobre os primeiros sinais, a escassez de profissionais de saúde capacitados para identificar a doença e a dificuldade de acesso a exames e avaliações especializadas. O diagnóstico tardio impede o início precoce de intervenções que poderiam retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente e de sua família.

2. Despreparo do sistema de saúde e falta de infraestrutura: O sistema de saúde brasileiro, tanto público quanto privado, ainda não está adequadamente preparado para atender à crescente demanda por cuidados relacionados ao Alzheimer. Há uma carência de centros especializados, de equipes multidisciplinares treinadas e de recursos para oferecer um acompanhamento contínuo e integrado. A fragmentação do cuidado e a falta de protocolos claros resultam em um atendimento ineficaz e oneroso, tanto para as famílias quanto para o próprio sistema.

3. Sobrecarga de cuidadores e impacto socioeconômico: A maior parte do cuidado com pessoas com Alzheimer no Brasil recai sobre os familiares, que frequentemente assumem essa responsabilidade sem o devido preparo, apoio psicológico ou financeiro. A sobrecarga física, emocional e financeira dos cuidadores é imensa, levando a altos índices de estresse, depressão e esgotamento. Além disso, a doença impõe um custo socioeconômico elevado ao país, tanto pelos gastos diretos com saúde quanto pela perda de produtividade e o impacto na força de trabalho dos cuidadores.

A força da colaboração: especialistas brasileiros em destaque
A profundidade e a relevância deste documento são um testemunho do trabalho colaborativo de um grupo seleto de especialistas brasileiros, cujas trajetórias e conhecimentos abrangem diversas áreas da neurologia, geriatria, saúde pública e pesquisa. A união dessas mentes brilhantes foi fundamental para a construção de uma análise tão completa e propositiva. A ABRAz tem a honra de destacar a participação de cada um desses profissionais:

  • Dra. Sonia M D Brucki, PhD, Neurologista, Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo: Com vasta experiência clínica e acadêmica, a Dra. Brucki trouxe sua expertise em diagnóstico e manejo de demências, contribuindo para a compreensão dos desafios no reconhecimento precoce da doença.
  • Milton Crenitte, Diretor Técnico, Centro Internacional de Longevidade Brasil: Sua visão estratégica e conhecimento em políticas de longevidade foram essenciais para contextualizar o Alzheimer dentro do panorama do envelhecimento populacional brasileiro e propor soluções sustentáveis.
  • Dr. Norberto Anizio Ferreira Frota, PhD, Neurologista, Hospital Geral de Fortaleza; Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Fortaleza; Diretor Científico da ABRAz: Como diretor científico da ABRAz e neurologista atuante, o Dr. Frota ofereceu uma perspectiva valiosa sobre a pesquisa e a prática clínica no Nordeste, além de sua contribuição para a disseminação do conhecimento.
  • Dr. Raphael Machado Castilhos, PhD, Coordenador do Centro de Pesquisa em Neurologia Cognitiva e Comportamental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Orientador Permanente do Programa de Pós-Graduação em Medicina, Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul: O Dr. Castilhos trouxe sua experiência em pesquisa e desenvolvimento de abordagens inovadoras para a neurologia cognitiva, enriquecendo as discussões sobre avanços científicos e tecnológicos.
  • Mychael Lourenço, Professor Assistente de Neurociências, Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): Sua contribuição na área de neurociências e pesquisa básica foi crucial para fundamentar as discussões sobre os mecanismos da doença e as perspectivas de novas terapias.
  • Dra. Celene Queiroz Pinheiro de Oliveira, Presidente da ABRAz: Como líder da principal associação de apoio a pacientes e familiares de Alzheimer no Brasil, a Dra. Celene Pinheiro trouxe a voz da comunidade, a experiência prática e a visão estratégica da ABRAz para a formulação das recomendações.
  • Dra. Claudia Suemoto, PhD, Diretora do Banco Brasileiro de Cérebros; Professora Associada de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP): A Dra. Suemoto, com sua expertise em geriatria e neurociências, e sua atuação no Banco Brasileiro de Cérebros, ofereceu uma perspectiva única sobre a importância da pesquisa e da infraestrutura para o avanço do conhecimento sobre o Alzheimer.

A diversidade de suas formações e atuações garantiu uma abordagem holística e multifacetada, essencial para um tema tão complexo quanto o Alzheimer. O documento é, portanto, um reflexo da riqueza do conhecimento e do comprometimento desses profissionais com a causa.

Caminhos para o futuro: cinco recomendações essenciais
Com base na análise dos desafios e na expertise dos colaboradores, o documento propõe cinco recomendações estratégicas, visando aprimorar a resposta do Brasil ao Alzheimer:

1. Fortalecer a educação e a conscientização pública: É fundamental investir em campanhas de informação para a população sobre os sinais precoces do Alzheimer, a importância do diagnóstico e as formas de prevenção e cuidado. Isso inclui desmistificar a doença e combater o estigma, incentivando as pessoas a buscar ajuda profissional.

2. Capacitar profissionais de saúde e expandir a rede de atendimento: É urgente capacitar médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais de saúde para o diagnóstico, manejo e acompanhamento de pacientes com Alzheimer. Além disso, é preciso expandir a rede de atendimento especializado, garantindo acesso a centros de referência e equipes multidisciplinares em todas as regiões do país.

3. Apoiar e capacitar cuidadores familiares: O documento enfatiza a necessidade de programas de apoio psicológico, grupos de suporte e treinamento para cuidadores familiares. Isso inclui oferecer informações sobre a progressão da doença, técnicas de cuidado, manejo de comportamentos desafiadores e acesso a recursos de alívio e descanso.

4. Promover a pesquisa e o desenvolvimento de novas terapias: É crucial investir em pesquisa científica no Brasil, tanto básica quanto clínica, para avançar no conhecimento sobre o Alzheimer, desenvolver novas ferramentas diagnósticas e buscar tratamentos mais eficazes. A criação de um ambiente favorável à pesquisa e à inovação é essencial.

5. Integrar o cuidado ao Alzheimer nas políticas públicas de saúde: O Alzheimer deve ser reconhecido como uma prioridade nas políticas públicas de saúde, com a criação de planos nacionais e regionais que garantam a integração do cuidado em todos os níveis do SUS. Isso inclui a alocação de recursos adequados, a definição de protocolos de atendimento e a garantia de acesso a medicamentos e terapias.

Um chamado à ação e esperança
Este documento não é apenas um diagnóstico da situação atual, mas um poderoso chamado à ação. Ele oferece um roteiro claro para governos, profissionais de saúde, pesquisadores, sociedade civil e a própria população. A ABRAz, em sua missão de apoiar e defender os direitos das pessoas com Alzheimer e seus familiares, reitera seu compromisso em trabalhar incansavelmente para que essas recomendações se tornem realidade.

A colaboração e o engajamento de todos são fundamentais para construir um futuro onde o Alzheimer seja diagnosticado precocemente, tratado com dignidade e onde pacientes e cuidadores recebam o suporte necessário. Agradecemos imensamente a todos os especialistas brasileiros que contribuíram para este estudo, pavimentando o caminho para um Brasil mais consciente e preparado para enfrentar o Alzheimer. Juntos, podemos fazer a diferença.

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