Envelhecimento e o desafio da demência: um chamado à ação

Envelhecimento e o desafio da demência: um chamado à ação
(Alfred Pasieka/Getty Images)

O aumento da expectativa de vida traz consigo o desafio do envelhecimento saudável, com o aumento de doenças crônicas e, em especial, a demência, tornando-se uma das maiores preocupações da saúde pública. A demência, com o Alzheimer como seu principal representante, impacta a autonomia e qualidade de vida dos pacientes, sobrecarrega os familiares e exige um sistema de saúde preparado para atender a essa demanda crescente.

A OMS prevê um aumento global de casos de demência, saltando de 55,2 milhões atualmente para 139 milhões em 2050. Diante desse cenário, 48 países, a maioria na Europa, já implementaram planos de cuidado para a demência. O Brasil, acompanhando essa tendência, promulgou a Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências. Essa política visa capacitar profissionais da saúde, tanto na rede pública quanto privada, para o diagnóstico e assistência aos pacientes.
“A implementação dessa política é crucial, considerando que a população idosa é a que mais cresce no Brasil, com projeção de aumento de cinco vezes nos casos de demência. A capilaridade do SUS pode auxiliar no alcance das populações mais distantes, mas a atuação dos agentes comunitários de saúde é fundamental, considerando o isolamento social que acomete os pacientes com Alzheimer”, relata a geriatra e presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), Celene Pinheiro.

De acordo com a médica, a estratégias de acolhimento que respeitem as necessidades físicas, mentais e culturais dos idosos são essenciais, seja em clínicas especializadas ou em seus domicílios. “A inclusão social e a empatia são pilares para a construção de uma sociedade que respeite as vítimas de doenças neurodegenerativas e seus cuidadores”, reflete.

A busca por tratamentos eficazes para a demência continua. Apesar da aprovação inicial do medicamento aducanumabe em 2021, sua produção foi interrompida devido aos resultados clínicos insatisfatórios. Novas drogas, como o lecanemabe e o donanemabe, surgem como alternativas promissoras, mas ainda carecem de validação científica robusta.

“Enquanto a cura para a demência permanece um desafio, pesquisas apontam hábitos e condições de saúde que podem ser modificados para mitigar o risco da doença, como controle do colesterol, pressão arterial, diabetes, depressão e perda de visão”, reforça Celene.

Cerca de 45%, dos casos de demência no mundo poderiam ser prevenidos ou adiados, de acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet. A pesquisa, realizada por especialistas de vários países, identificou 14 fatores de risco modificáveis que, se abordados desde a infância até a velhice, poderiam reduzir significativamente o risco de Alzheimer e outras condições por trás do colapso cognitivo.

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