A hipersexualidade é um comportamento que pode surgir em indivíduos com demência, muitas vezes como um sintoma inicial da condição. Segundo Lucas Francisco Botequio Mella, psiquiatra e diretor científico da ABRAz-SP, essa desinibição sexual pode ser caracterizada por um aumento na expressão sexual, alterando o padrão da pessoa. Por exemplo, alguém que antes era reservado pode passar a contar piadas inapropriadas ou se masturbar em público.
Existem formas específicas de demência, como a demência frontotemporal e a demência de tipo “Late”, que frequentemente apresentam essa hipersexualidade como um dos primeiros sinais. A demência frontotemporal, que afeta o lobo frontal do cérebro, é notável por causar mudanças na personalidade e comportamento. Já a demência de tipo Late costuma ocorrer em pessoas mais velhas, resultando em alterações de humor e perda de memória.
Para lidar com a hipersexualidade, é importante descartar causas médicas como infecções e fazer ajustes simples no ambiente. Mella recomenda evitar que o paciente tenha acesso a conteúdos inapropriados e sugere incluir atividades prazerosas para redirecionar a atenção. Estruturas de suporte, como cuidados de profissionais devidamente identificados, podem ajudar a gerenciar esses comportamentos, assim como impor limites sem agressividade.
Quando as intervenções comportamentais falham e o risco se torna real, o uso de medicações como antidepressivos pode ser justificado, sempre começando com doses baixas e aumentando gradualmente. Mella enfatiza a importância de conservar a biografia do paciente, considerando o impacto desses comportamentos em sua história pessoal.
Esses cuidados visam minimizar constrangimentos e garantir a dignidade do paciente enquanto se lida com a complexidade da demência.
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