Uma notícia recente traz esperança para milhares de famílias brasileiras: a Donepezila, medicamento já utilizado para tratar as formas leve e moderada do Alzheimer, passará a ser disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também para pacientes com a forma mais grave da doença a partir de novembro. Essa ampliação é um avanço crucial, pois, como destacado na reportagem da TV Cultura, a medicação será usada para complementar o tratamento, proporcionando mais qualidade de vida aos doentes.
A Donepezila atua aumentando os níveis de um neurotransmissor fundamental para a manutenção da memória. Embora não cure a doença nem pare sua progressão, seu uso contínuo mostrou evidências de que pode melhorar sintomas desafiadores como agitação, apatia e confusão. Mais do que isso, há indícios de que sua utilização pode adiar a necessidade de institucionalização, permitindo que os pacientes permaneçam mais tempo em seus ambientes familiares.
Segundo dados do Ministério da Saúde mencionados na reportagem, mais de 58 mil pessoas já utilizaram a Donepezila em 2023 de forma combinada. A decisão de estender a oferta para fases mais graves reflete a crescente compreensão sobre os benefícios da medicação mesmo em estágios avançados.
O Dr. Fábio Porto, presidente da ABRAz – SP, enfatiza a relevância dessa conquista e a visão a longo prazo:
“Eu acho que é um ganho para quem vive com a doença de Alzheimer numa fase avançada ter direito a esses remédios pelo SUS que a gente lute para que as pessoas tenham acesso a esse tratamento em todas as fases da doença.”
Ele também oferece uma perspectiva realista e importante sobre a natureza do tratamento, ponderando sobre a importância de qualquer ação para combater a doença:
“Um grande erro é você não fazer nada quando você pode fazer pouco. Então, fazer pouco já é um ganho… essas medicações não curam, mas retardam a progressão, melhorando a qualidade de vida.’ ‘É pouco, mas será que é melhor fazer pouco ou não fazer nada?”
Essa fala ressalta que, mesmo em um cenário onde a cura ainda não é possível, qualquer medida que retarde a progressão e melhore a qualidade de vida é valiosa.
O trabalho de organizações como a ABRAz, no âmbito das políticas públicas, é fundamental e contínuo na busca por melhores condições de diagnóstico, tratamento e cuidado para as pessoas que vivem com a doença de Alzheimer e seus familiares. A presidente da ABRAz, geriatra Celene Pinheiro, por exemplo, participou de reuniões estratégicas na Conitec, órgão do Ministério da Saúde, oferecendo evidências científicas para respaldar inclusões como esta. A atuação em diferentes frentes, incluindo a participação em debates e a mobilização social, contribui significativamente para avanços como a ampliação do acesso a medicamentos que melhorem a qualidade de vida de pessoas que convivem com a doença de Alzheimer.
A disponibilização da Donepezila para casos graves no SUS é, portanto, um marco positivo que reflete o esforço conjunto de diversos atores – desde profissionais de saúde e pesquisadores até organizações de pacientes e o próprio sistema de saúde – na constante luta por mais dignidade e qualidade de vida para quem convive com o Alzheimer.
Este artigo foi produzido com base em reportagem da TV Cultura que você pode assistir aqui