As feridas abertas e o segredo da sociedade brasileira

O Brasil precisa urgentemente questionar a noção de que envelhecer é uma questão pessoal ou de escolhas. Não é. Envelhecer é um direito personalíssimo que depende diretamente do acesso a direitos fundamentais: educação, saúde, assistência social, moradia, saneamento, justiça, trabalho, renda, previdência social, paz.
Todos desejamos envelhecer de forma ativa, mas ninguém está livre de precisar de cuidados continuados. Este é um dos nossos segredos e das nossas feridas abertas: não gostamos de pensar em envelhecer, em precisar de cuidados e menos ainda em instituições para idosos. Porém, quanto menos se conhece sobre uma questão, mais podemos reforçar estigmas e preconceitos.
Recentemente, a Frente Nacional de Fortalecimento às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) (www.frentenacionalilpi.com.br

) demonstrou a inegável omissão governamental brasileira na oferta de cuidados continuados: o país possui mais de 7.000 ILPI, em sua maioria instituições privadas, muitas filantrópicas e raras públicas.

Afinal, com famílias menores e envelhecimento populacional acelerado, interessa a todos lutar pelo direito a envelhecer com dignidade, com uma política nacional de cuidados continuados, da qual a ILPI certamente fará parte, por ser um equipamento imprescindível para as cidades, mas não será mais o bicho papão da estória.
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)

Fonte: Folha de São Paulo
Por Karla Giacomin
Médica geriatra, coordenadora da Frente Nacional de Fortalecimento à ILPI, Vice-Presidente do ILC-Brazil