Problemas cognitivos

Higiene e aparência

As alterações cognitivas referem-se a perdas de funções mentais que ocorrem devido à perda de neurônios que ocorre na Doença de Alzheimer.

É essencial que o paciente mantenha-se, pelo maior período possível, independente e com o máximo de autonomia que os critérios de segurança permitir. No contato diário, pode ser uma tentação fazer pelo paciente quando ele não consegue desempenhar as tarefas com a mesma destreza ou qualidade. Sem dúvida, é preciso muita paciência para acompanhar o paciente quando ele demonstra dificuldade. Na pressa ou com o intuito de garantir um bom trabalho, os cuidadores podem executar as tarefas pelos pacientes sem que estes tenham a oportunidade de tentar.

Faz parte da boa estimulação do paciente permitir que ele execute as tarefas o máximo que puder. Por isso, a ajuda oferecida deve ser gradual. Uma dica interessante é oferecer pouco e se necessário aumentar a oferta de auxílio:

  • Observe como o paciente desempenha as tarefas. Se ele estiver seguro, permita que ele faça sozinho.
  • Auxilie apenas nas etapas que o paciente não conseguir fazer Por exemplo, fazer parte da receita culinária, com auxílio para acompanhar a receita ou mexer no fogo.
  • Faça a maior parte, mas permita que o paciente participe de alguma maneira do resultado, nem que seja fazendo escolhas.
  • Faça pelo paciente o que ele não conseguir, para garantir sua segurança, saúde e qualidade de cuidado.

Assim, é importante fazer com o paciente e não pelo paciente, respeitando e preservando sua capacidade atual de realizar atividades de vida diária. Supervisione, auxilie e faça por ele apenas quando realmente não houver nenhuma capacidade para execução de determinada tarefa. Isso o ajudará a manter a autoestima e será boa fonte de utilização de recursos disponíveis.

Perda de atenção/concentração

Um sintoma bastante comum refere-se à dificuldade das pessoas com Doença de Alzheimer de se manterem atentas. Pode acontecer de perderem a meta, ou seja, interromperem fala ou ação sem saber como dar continuidade ao que estavam fazendo. Outro sintoma frequente refere-se à capacidade de selecionar informações diante de estímulos simultâneos, podendo confundir dados ou terem dificuldade para entender informação quando sons ou falas acontecem ao mesmo tempo.

Dicas:

  • Fale pausadamente, selecionando um assunto por vez.
  • Mantenha contato visual e, se possível, táctil, enquanto estiver falando com uma pessoa com Doença de Alzheimer.
  • Faça pausas entre um tema e outro, para evitar confusão de informações.

Desorientação no tempo

É possível que o doente de Alzheimer fique desorientado no tempo. Isso significa que ele pode não conseguir estimar o tempo, saber a data ou o horário. Diante dessas dificuldades, é importante oferecer parâmetros e, especialmente na fase inicial da doença, é recomendável fazer uso de estratégias compensatórias, para dificuldades com uso de instrumentos que compensem as dificuldades. Nos início da doença, quando a capacidade de aprendizagem ainda encontra-se razoavelmente preservada, é possível introduzir treinos que facilitem a busca por informações temporais.

Dicas:

  • Faça uso de agendas, alarme e calendários que auxiliem na organização. É importante que esses instrumentos sejam usados com acompanhamento.
  • Providencie relógio digital com números grandes e, preferencialmente, com data, que possa ser consultado pelo paciente sempre que ele perguntar o horário ou a data.
  • Monitore atividades agendadas para garantir cumprimento de compromissos. Não espere que o paciente identifique compromissos sozinho, mesmo que tenham sido anotados em agendas ou calendários.

Desorientação espacial

A desorientação espacial ocorre quando o paciente deixa de conseguir se localizar no espaço, ou seja, passa a ter dificuldade com percursos ou para saber a direção correta. Inicialmente, isso ocorre em ambientes menos conhecidos, podendo, conforme a doença evolui, incluir dificuldade para o paciente se orientar dentro da própria casa.

Dicas:

Não permita que o paciente com desorientação espacial saia de casa sozinho. Ele pode se perder e ter muita dificuldade para retornar, expondo-se a situação de muito risco.
Garanta que o paciente sempre tenha consigo formas de contato, para o caso de se perder.
Impeça a condução de veículos sem acompanhamento.
Tenha fotos recentes do paciente, para o caso de precisar procurá-lo com ajuda de desconhecidos.

Dificuldades de linguagem e comunicação

Com o avanço da Doença de Alzheimer, a comunicação do paciente pode tornar-se mais difícil. Pode haver dificuldade de compreender o que lhe é dito e de se expressar. É comum ser complicado evocar palavra e trocar palavras. Essas dificuldades podem fazer com que cuidadores desistam ou não tenham paciência em insistir para uma comunicação eficaz com o paciente. Entretanto, é essencial incentivar essa comunicação visando a estimular o paciente e a manter ativas suas funções preservadas.

Dicas:

  • Tenha certeza que a atenção do paciente não está sendo prejudicada por outros fatores.
  • Fale clara e pausadamente, frente a frente, e olhando nos olhos do paciente.
  • Falas curtas e diretas facilitam a compreensão.
  • Mantenha contato físico afetuoso.
  • Preste atenção na linguagem corporal – pessoas que perdem a comunicação verbal, comunicam-se muito com os gestos e feições.
  • Formule questões de fácil compreensão, que possam ser respondidas com SIM ou NÃO, para que o paciente possa fazer escolhas. Estimule-o a responder com a cabeça ou as mãos.

Perda de memória recente

Devido à dificuldade de memória, é comum que o paciente com Doença de Alzheimer se esqueça de fatos dos quais participou ou mesmo onde colocou certos os objetos.

Dicas:

Não exponha a dificuldade dizendo que o fato acabou de acontecer, pois isso não adiantará para que ele se lembre. Se ele não consegue registrar a nova informação, nada fará com que esta seja recuperada, não adianta insistir, nem gerar frustração.
Se o paciente achar que estão mexendo em suas coisas, por não se lembrar que ele mesmo o fez, mantenha a calma, pois ele pode ficar muito desconfiado, especialmente se a postura for conflituosa.
Descubra quais são os esconderijos preferidos do paciente, geralmente eles são usados repetidamente.
Mantenha cópias de objetos importantes como, por exemplo, as chaves.
Verifique os cestos de lixo, antes de descartá-los.

Dificuldade de planejamento

Devido à dificuldade de planejamento, a sequência das tarefas pode ser perdida, dificultando sua execução e organização do espaço.

Dicas:

  • Auxilie o paciente dividindo tarefas em etapas. Se necessário, monitore-o verbalmente (diga o que ele deve fazer a cada momento).
  • Faça listas de afazeres, descrevendo as etapas a serem cumpridas.
  • Selecione atividades que, por serem complexas, precisam de auxílio e garanta o máximo de autonomia, oferecendo ajuda apenas no que o paciente não for capaz de fazer sozinho.
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